Aos sete anos, Maria foi levada para a Guiné e mutilada a sangue
frio. Mas o crime não foi qualificado como ofensa grave. É um dos três
casos arrepiantes de mutilação genital feminina que chegaram até hoje
aos tribunais portugueses – todos eles arquivados. Os especialistas
reclamam alterações na lei e actuação ao nível da prevenção.
Maria
nunca mais foi a mesma depois daquela viagem à Guiné-Conacri. Certo dia,
de regresso a Portugal, segredou a uma funcionária da escola: «Fui lá
para fazer um ritual que fazem às meninas quando deixam de ser meninas».
Tinha apenas sete anos quando foi levada pela mãe para ser mutilada no
país de origem.
Os técnicos da Segurança Social – que já
acompanhavam a família por causa do comportamento negligente da mãe –
notaram que a criança estava perturbada e evitava perguntas. Em Outubro
de 2010, o tribunal de família e menores do Seixal (onde a menor vivia)
comunica a suspeita de mutilação ao Departamento de Investigação e Acção
Penal (DIAP) de Lisboa, dando origem a um inquérito por suspeitas de
ofensa grave à integridade física. A mãe nunca colaborou com as
autoridades, o que obrigou a procuradora a passar um mandado para que a
criança pudesse ser examinada no Instituto de Medicina Legal.
In: SOL
23/05/2013
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