Noronha Nascimento: "Vontade é da lei e não do rei"

O líder do Supremo aproveitou ontem a posse do novo vice-presidente do Conselho Superior da Magistratura, António Piçarra, para deixar um recado ao Governo: "a missão dos tribunais e dos juízes continua a ser, apenas, a de garantir a primazia do direito, mesmo que ventos e marés não estejam de feição". 

Numa clara alusão às críticas à decisão do Tribunal Constitucional, que obriga o Governo a devolver os subsídios de férias aos funcionários públicos e aos pensionistas, Noronha lembrou a "velha história" do moleiro de Sanssouci, que celebrizou a frase "ainda há juízes em Berlim", para dizer: "Há 300 anos aquele moleiro já sabia que os juízes se fizeram para cumprir a vontade da lei e não do rei".

Noronha lembrou que "em momentos de crise há sempre a tentação instintiva de pisar os limites da lei" e que, por isso, o papel dos tribunais ganha relevo na defesa dos direitos fundamentais. "Quando as coisas correm mal a culpa é sempre do árbitro", acrescentou, aplicando o ditado aos tribunais e aos juízes. Por tudo isto, avisou o novo vice-presidente do Conselho Superior da Magistratura: "não irá ter tempos fáceis".

António Piçarra também referiu no seu discurso a atual situação do País, considerando que os juízes se confrontam com "grandes e graves dificuldades". O juiz, que venceu as eleições a 21 de março e substitui Bravo Serra, quer que o seu mandato de três anos se caracterize pelo "diálogo" e promete criar grupos de trabalho para apresentarem projetos com propostas fundadas. O primeiro será sobre o estatuto dos magistrados judiciais. 

17/04/2013

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